A carta da Jennifer Aniston: um pedido de socorro!



O que essas duas imagens tem em comum?
Jennifer Aniston

Duas mulheres, donas de sua própria vida e do seu próprio corpo, e um pedido de socorro!
- Um pedido de socorro contra a escravidão imposta por uma sociedade na qual as mulheres, teoricamente, já são livres há muito tempo;
- Um pedido de socorro contra a mídia que tenta vender um padrão praticamente inexistente e impossível de ser alcançado por todas as mulheres;
- Um pedido de socorro contra as pessoas que acham que tem alguma coisa a ver com a vida dos outros e acabam esquecendo de cuidar da sua própria vida;
- Um pedido de socorro contra um mundo que prega a inimizade e competição entre as mulheres;
- Um pedido de socorro contra o padrão que lhes impõem;
- Um pedido de socorro contra a falta de empatia, de consciência e de entender que aquele corpo e aquela vida não te pertence!

É engraçado como, na era dos direitos humanos, não percebemos o quanto a influência da mídia fere nossos direitos como SERES HUMANOS.
Após tanta luta, tanta queima de sutiã, tantas mortes pelo direito de estudar, as mulheres  continuam sendo violadas.
Diariamente mulheres e adolescentes se torturam e sofrem para atingir um inatingível padrão de beleza e de vida imposto pela mídia e pela sociedade. O resultado? Um exército de mulheres que repudiam sua forma física, controlam alimentos que ingerem, veem sua autoestima escoar pelo ralo, lutam uma guerra contra o espelho, tornam-se fracas e submissas, vivem vidas que não lhes pertencem.

Mas, a cada dia aumenta a percepção de que algo nisso tudo está errado e de que alguém precisa começar a mudar (nem que seja você, por dentro, aos pouquinho).
E assim, essas duas mulheres maravilhosas ergueram-se na frente de batalha gritando, implorando, dando a cara a tapa e dizendo: “aqui não meu filho!”.

A Jennifer Aniston você já deve conhecer. Por ser famosa torna-se alvo constante de especulações e tem sua vida invadida a procura de algum detalhe sobre suas escolhas e sua aparência. Eis que, após uma capa de revista maldosa apontando uma suposta gravidez,  ela rebate com um texto belíssimo postado no Huffington Post: “Para registro, eu não estou grávida. Eu estou é farta. A maneira como sou retratada pela mídia é simplesmente um reflexo de como vemos e retratamos as mulheres em geral, avaliadas de acordo com um padrão distorcido de beleza. É um acordo subconsciente. Nós estamos no comando do nosso acordo. As meninas em todos os lugares estão absorvendo o nosso acordo, passivamente ou de outra forma. E isso começa cedo. As meninas recebem uma mensagem dizendo que não são magras o suficiente, que não são dignas de nossa atenção, porque não se parecem com uma modelo ou atriz da capa da revista. Nós somos completas com ou sem um parceiro, com ou sem um filho. Nós decidimos por nós mesmas o que é bonito quando o assunto é nosso corpo. Essa decisão é nossa e só nossa. Vamos decidir por nós mesmas e pelas jovens mulheres no mundo que nos miram como exemplo. Vamos decidir conscientemente… Nós não precisamos ser casadas ou mães para sermos completas. Nós temos que determinar nosso próprio ‘felizes para sempre’ por nós mesmas”.

Christine não é tão famosa assim (conheça a página dela Delicate Flower), mas lançou uma campanha em apoio a uma mulher que teve seus direitos violados, acreditem se quiserem, por outra mulher.
O caso foi o seguinte, a modelo da Playboy Dani Mathers, por algum motivo que eu não consigo entender, expôs nas redes sociais uma mulher nua no vestiário da academia com a seguinte legenda:se eu não posso ‘desver’ isso, você também não podeA Chris, ao perceber a gravidade do ocorrido, decidiu compartilhar uma foto nua em apoio a vítima: “Querida Dani Mathers. Agora, muitos de meus amigos viram que você postou uma foto de uma mulher nua no vestiário da academia com a legenda ‘se eu não posso ‘desver’ isso, você também não pode’. Há cerca de um mês meu marido tirou uma foto de mim fazendo uma pose sensual e, quando eu vi, pedi que ele deletasse, pois eu odiei ver meu corpo nela. Ele disse que achava bonita, sorrindo. Aí eu deixei que ele mantivesse a fotografia. E o que acontece é o seguinte: você pode ser um modelo da Playboy, mas nem todas nós malhamos para ser sexy. Algumas de nós fazemos exercícios para simplesmente honrar o corpo que foi nos dado. Isso era o que a mulher estava fazendo e você a violou. Que vergonha. Eu aposto que consigo 100 mulheres para postar seus lindos corpos independente do tamanho, forma ou cor. Elas serão muito mais bonitas do que esse seu post horrível”.
Após o post, várias mulheres, em um grito de socorro e sororidade, postaram suas fotos.
Fonte Hypeness

E o que é que a gente aprendeu com tudo isso? Que não importa se você é a Jennifer Aniston, a moça do vestiário da academia, e menina do quadril 36 ou a do 42, sempre vai haver um PADRÃO em que alguém vai teimar te colocar. Esse padrão vai além do seu corpo, ele vai até a sua alma e tenta modificar quem você realmente é a fim de te tornar escrava desse sistema infeliz.

- "Nossa, mas vai namorar? Deveria estar estudando."
- "Mas vai continuar estudando? Vai fazer mestrado? Vai se dedicar à carreira? E vai casar quando?"
- "Você trabalha muito. Deveria ficar mais em casa, quando vão vir os filhos?"
- "Não tá trabalhando? Vai ficar sendo sustentada por homem a vida inteira?"
- "Seu filho já está com 6 meses e você ainda está com essa barriga? Acho que é desleixo."
- "Vai amamentar por tanto tempo? O peito vai cair."
- "Você não acha que tá muito magra? Devia ganhar um pouco de bunda."
- "A 42 não entrou? Eita, 44 é complicado hein!"
- "Nem eu que sou magra uso biquíni, imagina você. Como tem coragem?"

Lembre-se: o caminho é só seu é só você vai descobrir quem realmente é e o que realmente te faz bem!

Só quero repetir aqui algo que eu disse em outro post sobre padrões: O que as pessoas precisam começar e entender é que aceitação (o tal se amar) não tem a ver com não querer mudar ou melhorar. Você tem o direito de estar feliz com seu bumbum, mas ainda assim ir pra academia pegar pesado no agachamento. O que não pode é seguir um padrão imposto ou mudar algo que no fundo você não gostaria de mudar”. Confere o texto aqui. E tem também o relato de uma amiga minha aqui ó.

Você já parou para pensar qual padrão lhe impõem?
Então agora é hora de começar a pensar: como eu vou desconstruir esse padrão e qual vai ser a forma que eu vou encarar essa batalha!
Beijos



4 comentários:

  1. Que texto maravilhoso, vi esse caso da Jennifer Aniston e fiquei indignada com tamanha pressão além da invasão que ela sofre. Depois parei pra pensar e vi que isso acontece com todas nós, não entendo essa pressão para sermos as Barbies perfeitas, acho que todas nós já ouvimos algum desses questionamentos que você disse ai em cima. Isso é terrível, além de nos deixar com auto estima baixa, perdemos a confiança em nós mesmas ficamos pressionadas.
    Quanto a outra moça, que coisa feia expor a moça só por que o corpo dela não corresponde aos padrões impostos pela sociedade. Enfim, parabéns pelo texto, beijos! <3

    sweetcarolinee.com

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    1. Obrigada Carol. E vamos sim problematizar em cima disso, para que esses comentários percam o efeito sobre nós!

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  2. Que belo texto! Acho que todas as mulheres deveriam ler! É uma pena que na nossa adolescência ninguém falava sobre essas coisas! Por isso é importante cada vez mais falarmos sobre esse assunto! Nós podemos fazer as novas gerações não passarem pelo calvário de querer mudar o corpo, de se sentir mal, de deixar de comer uma comida deliciosa só porque disseram que você tem que ter corpo de "revista" e esse monte de absurdos...

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    1. Com certeza! Não devemos perder a oportunidade de expor esse assunto e de dizer que não concordamos. Vamos fazer as nossas meninas mais felizes e com mais confiança, para que as mulheres consigam de vez a tão sonhada igualdade. Obrigada pela visita.

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