Representatividade Importa?



Atualmente muito tem se falado em REPRESENTATIVIDADE, mas você sabe qual o significado disso?
Diversos movimentos sociais tem usado essa palavra como “pessoas que têm as mesmas características que eu/que se parecem comigo ocupando espaços de destaque”.

Como assim?
 “Eu, mulher negra, vendo uma mulher negra tendo destaque na politica e não apenas servindo cafézinho”.
“Eu, mulher gorda, vendo uma mulher gorda sendo protagonista de novela e não atuando como babá”.
“Eu menina negra, vendo uma Barbie negra estilista”.

Assim, eu me sinto representado e sinto que posso ser o que quiser, já que outras pessoas como eu conseguiram fazer isso (seja lá o que for).

“Thais, eu não estou entendo o que você está querendo dizer e outra: você é branca, ruiva, olho azul. Tá faltando representatividade na sua vida?”
Não! Não está faltando representatividade na minha vida. Mas talvez esteja faltando na sua, assim como falta na vida de alguém muito importante para mim.

Há alguns meses eu escrevi um texto (clica aqui para ler), contando sobre a dificuldade de empoderar (de fazer com que uma pessoa se aceite e tenha poder sobre si mesma) uma criança negra em uma família/sociedade branca.
Quando a mãe e as irmãs são brancas, como no caso da minha irmã, falta referência. Isso irá refletir na percepção de imagem dela mesma. Ela não se acha bonita, porque ela não se encaixar no padrão de beleza que ela conhece – a mãe, por exemplo.

Para exemplificar vamos analisar essa foto, que foi publicada no primeiro texto. A garotinha é amada e todos os dias ela escuta alguém dizer que ela está linda. O sorriso da imagem esconde algo muito peculiar: o choro, a indignação e a negação. Essa foto teve como referência outro retrato de uma criança negra, ao perceber que iria fazer uma pose igual, a Nathalia chorou dizendo: “Não quero tirar!. Eu não sou da cor dessa garota”.

REPRESENTATIVIDADE IMPORTA

Exemplos não faltam. Em uma visita que ela recebeu do pai, contou para a amiga: “Aquele ali é meu pai, mas ele não se parece comigo porque eu não sou da cor dele!”.
Essas reações não são nada além do que a expressão de um comportamento criado por falta de referências. O que estou tentando dizer é simples: a criança se espelha no que está ao seu redor.

Ao percebemos que essa falta de representatividade estava criando problemas no desenvolvimento da Nathalia, começamos a mostrar pessoas que se parecem com ela e que estão em lugares que ela gostaria de estar, como na TV.
Além disso, começamos a aprender com essas pessoas. Diariamente ela começou a ver fotos de modelos, youtubers e cantoras negras. Qual foi o resultado?
Eu quero mostrar o meu cabelo no instagram e eu quero usar aquele negócio que só quem tem cabelo igual ao meu pode. Se não der pra por, você pode fazer mais cachos pra eu ir pra escola?”

REPRESENTATIVIDADE
Turbante
Gratidão por essas inspirações. Crédito Turbante-se
Hoje a Nathalia tem uma conta no instagram (sigam @Nathalindinha) e todos os dias ela quer tirar uma foto igual alguém ou contar qual shampoo ela está usando.
As pessoas podem não entender por que uma criança de 5 anos está lá, fotografando como adulto. Mas hoje ela não quer mais alisar o cabelo e a relação com a sua própria cor está mudando, aos poucos.

Ou seja, quando começamos a refletir sobre isso e a pensar em exemplos próximos não faltam argumentos para afirmar que representatividade importa sim e que pode ajudar muito, especialmente nesses casos.

Vamos ver um exemplo mais famoso? Recentemente a atriz Leslie Jones, que é uma das protagonistas da refilmagem do sucesso dos anos 80 “Os Caça Fantasmas”, em uma entrevista no The View, se emocionou ao declarar sobre a importância que a renomada atriz Whoopi Goldberg teve em sua vida. Ela afirmou que a representatividade daWhoopi, ou seja, ver a Whoopi na TV, fez com que ela tivesse coragem e inspiração para se arriscar na carreira de atriz. “Um dia eu vi Whoopi Goldberg na TV e chorei tanto e fiquei falando para o meu pai: tem alguém na TV e ela se parece comigo! Eu posso aparecer na TV, eu posso fazer isso! Olha pra ela, se parece comigo.”.


Hoje o ciclo se fecha, com inúmeras garotas vendo Leslie detonando na Tv.

REPRESENTATIVIDADE IMPORTA



Quando dizemos que representatividade importa, é disso que estamos falando! Apesar de não ser negra e, óbvio, nunca ter passado por nenhuma situação de segregação racial, sinto na pele a dificuldade em trazer essa representatividade para minha irmã, mas luto para que ela cresça feliz e se aceitando. Acreditando em si mesma e no poder que ela tem. Por isso repito: “REPRESENTATIVIDADE IMPORTA SIM!”.
REPRESENTATIVIDADE IMPORTA

2 comentários: