Eu sou mulher.
Eu tento construir a minha carreira em uma comunidade machista.
Eu senti nojo quando vi as cenas de machismo no
Masterchef.
Mas não, eu não me surpreendi...
As cenas de machismo e a final do programa MasterChef
Brasil rolaram soltas por ai. Sobre isso não precisamos mais falar, sobre isso
você provavelmente já deve ter visto alguma manchete.
Esse texto já foi idealizado há muito tempo e essa foi a
situação que me fez pensar: não dá para deixar passar.
Mas afinal, o que a final do Masterchef Brasil tem a nos
ensinar?
Uma situação de opressão contra uma mulher em um cenário peculiar: a
cozinha!
A igualdade entre homens e mulheres no mercado de
trabalho tem aumentado, mas ainda há uma divisão de profissões por gênero, o
famoso “isso é coisa de mulher!”.
Diversos fatores, históricos e culturais, influenciaram
essa segregação e o trabalho feminino sempre foi secundarizado. As profissões que
possuem maior relação com o ambiente doméstico e cuidados com os outros tornaram-se
“femininas” e tem menores prestígios e remunerações (docência, secretariado,
enfermagem...).
Agora, você já reparou que mesmo nessas áreas, historicamente
femininas, os homens tem mais valor?
- Nós somos boas professoras. Mas não o suficiente para
que seu filho seja aprovado no vestibular.
- Nós somos boas costureiras. Mas não o suficiente para
ter renome internacional nas passarelas.
- Nós somos boas cozinheiras. Mas não o suficiente para
ganhar o título de Chef.
Note que eu não estou falando sobre como é difícil mudar um
status ou enfrentar os preconceitos em uma carreira predominantemente masculina
(poderia citar engenharia aqui, ou mesmo a ciência). Eu estou dizendo que mesmo
no seu “ambiente” as mulheres ganham menos destaque, menor salário e menos
prestígio.
Tá duvidando? O ano letivo começa em breve e eu quero que
você repare nos times dos melhores cursinhos pré-vestibular que estampam outdoors
por ai. Nós somos a minoria!
O que aconteceu
com a Dayse foi exatamente isso. Num ambiente tipicamente feminino ela foi submetida
à humilhação e, obviamente, lhe deram uma tarefa subalterna a cozinhar: “varra
o chão ai!”.
“Em reuniões,
homens tem uma chance 75% maior de falarem do que mulheres, e quando uma mulher
fala, é cientificamente provável que seus colegas homens ou irão interrompê-la
ou falar por cima dela. Não é porque eles são rudes. É ciência. A voz feminina
é cientificamente provada de ser mais difícil para um cérebro masculino
registrar. O que isso significa? Significa que num mundo onde homens são
maiores, mais fortes, mais rápidos… Se você não estiver pronta para brigar, o silêncio
vai te matar.
Você tem uma voz, então use-a. Fale. Levante suas mãos.
Grite suas respostas. Faça com que seja ouvida, não importa como. Apenas
encontre sua voz, e quando fizer isso, preencha o maldito silêncio.” (Grey’s
Anatomy)
Mas afinal, o que a final do Masterchef Brasil tem a nos
ensinar? É preciso encontrar a sua voz. É preciso quebrar esse silêncio! É
preciso dizer “eu estou aqui, eu SEI e sou CAPAZ de fazer isso tão bem quanto
você e você não vai passar por cima de mim!”.
Não deixe nunca que lhe digam que você é menos capaz
apenas por que é mulher. Inspire your mind!
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