Nova Coleção Artha Atelier Curitiba: Come As You Are



Come as you are!
Venha como você é!
Essa é a proposta dessa marca amor, que visa o respeito à diversidade.

Como base nesse objetivo, a Artha iniciou um concurso para escolher 10 pessoas cujas histórias iriam inspirar a nova coleção. O resultado você já sabe: eu desfilando em um vestido maravilhoso.
Todo o processo foi muito gostoso. Mas, com aquela pitadinha de ansiedade e um leve desconforto com toda a grandiosidade que isso representava.


empoderamento artha atelie curitiba


“Me fala sobre você! Me conta sobre a sua personalidade! Me diz 3 coisas que te definem!”
R. Silêncio. Risada quieta e reflexiva.

Foi assim no dia em que a Mari, estilista da Artha, me conheceu. Foram essas as perguntas que a guiaram para desenhar o meu vestido. Em nenhum momento foi sobre “renda ou veludo” “curto ou longo” “rosa ou azul”. Sempre foi sobre “quem é você garota? O que te define?”.

Se você me conhece, muito provavelmente achou que eu pareço “metida no começo”. Isso se deve a minha introversão... Aquele traço que pessoas mais observadores e menos interativas apresentam.
Eu vou demorar pra falar contigo. Numa roda de pessoas eu vou olhar tudo com atenção e mexer a cabeça eventualmente. Não confunda com timidez, se me viu falando numa sala cheia de gente você sabe que de tímida eu não tenho nada! Eu apenas interajo de forma diferente. Nem pior e nem melhor, apenas diferente!

E esse deve ter sido a primeira sacada dela! Um traço muito forte da minha personalidade.
Mas, tentamos conversar e aos poucos eu fui me soltando e as informações foram saindo.
Falei sobre gostos (não de roupa), medos, trabalho, rotina, amigos... E eu podia sentir os neurônios dela fazendo mil e uma associações e a cabeça fervilhando de ideias. 
Tiramos as medidas e segui um mês sem saber o que elas estavam fazendo.

E se eu passei a ideia errada sobre mim?
E se o vestido não tiver nada a ver comigo?

empoderamento artha atelie curitiba

Chegou o dia da prova e eu não cabia em mim. 
O vestido estava perfeito... O choro foi inevitável (e é difícil me fazer chorar – outro traço dessa personalidade).
Uma das frases que ela trouxe ao me apresentar o vestido foi: “Eu queria que ele fosse grandioso como você! E que representasse a sua luta!”.
Que tapa na cara sociedade. Para todas as vezes que você achou que não era boa o suficiente! Para todas as vezes que você achou que não merecia! Para todas as vezes que você pensou que não iria dar conta!

vestido de noiva artha atelie curitiba


Um pouco mais de espera e o dia do desfile chegou. Muita emoção. Muito amor. Muita gente que inspira. Muita gratidão.

Gratidão por ter me permitido viver essa experiência.
Gratidão por ter me colocado um passo a frente de ser a mulher que eu tento ser todo dia. Afinal, empoderamento é diário e se dá um passinho por vez, assim como foi atravessar a passarela.

desfile de moda curitiba

artha atelie curitiba


O que você pode ter certeza disso tudo?? Eu nunca irei indicar algo que eu não goste. Eu nunca vou falar que algo é bom só porque eu “recebi”. Eu não vou pregar um ideal que eu não tente aplicar e seguir em todos os dias da minha vida.
Mas, se nossos caminhos se cruzarem e formos amigos nessa jornada, eu vou estar sempre do seu lado e serei fiel e companheira (dentro do meu limite de introversão hahaha)

Ah... e não podemos esquecer: se é diferente então euusaria!

Espero que tenham gostado! Foi um prazer participar dessa experiência!
Créditos fotografia: Carol Ritzmann


Confere na integra o texto que escrevi para participar:

Eu sou grande! Eu nasci grande e fui uma criança grande!
G-R-A-N-D-E! Com todo o peso que essa palavra carrega!
Na infância você não pode ir a determinados brinquedos, mesmo que tenha a idade indicada... Afinal, “olha o seu tamanho”.
Na pré-adolescência (infância ainda, vamos combinar) você já é sexualizada... Afinal, “tem 12 anos, mas parece que tem 16”.
Na adolescência você já “rodou” por ai! Afinal, agora além de grande o seu corpo acompanhou e “esse quadril é de que já perdeu a virgindade”.
Na vida adulta você não se encaixa no padrão... Afinal “você não é delicada como uma mulher deveria ser” e “é difícil achar namorado né?! Todos são menores do que você”.

Eu cresci me escondendo! Usava camiseta, calça larga e moletom e torcia para acharem que eu era um menino. Eu chorava quando minha mãe queria que eu usasse shorts! Eu não queria que ninguém me notasse!
Eu não queria que as pessoas me olhassem dizendo que eu não era pequena o suficiente para ser delicada, mas que já era grande o suficiente para ser “gostosa”.

Eu me espelhava em mulheres que ninguém achava bonito (havia algo dentro de mim que me atraia a elas e ainda bem que elas existiram na minha vida). Eu achava a Sheila Carvalho linda (apesar dela não ser alta)! A Claudia Raia enchia meus olhos quando aparecia na TV. A Sara Ramirez é uma das minhas favoritas. E eu queria ser igual a Pink quando crescesse.
No início da vida adulta eu comecei a colocar de lado certos estigmas e passei a colocar as perninhas de fora. Depois de anos lutando com meu corpo eu aceitei que o grande faz parte de mim. Eu sou grandiosa! Nas pernas, no quadril, na altura, na inteligência, na força...

Nos últimos anos eu passei a me aceitar e a me respeitar mais. Eu nunca estive tão pesada e ao mesmo tempo tão bem comigo mesma. A partir do momento que eu entendi o que ser grande significava e entendi que eu não deveria realizar procedimentos para ser pequena, meu corpo tomou a sua forma. E ela é linda!
Eu passei a respeitar as mudanças que um mês representam na vida de uma mulher. Sim, hoje eu estou inchada. Sim, hoje a minha barriga está grande. Sim, tá tudo bem! A vida é esse ciclo mesmo!

Não é fácil. É uma sementinha que a gente planta e precisa regar e cultivar diariamente.
Às vezes me pego pedindo desculpa ou me negando a fazer determinados exercícios em grupo (eu pratico circo e muay thay) por medo de machucar as pessoas.
Às vezes eu me pego pensando que certa roupa não é pra mim.
Nesses dias eu respiro fundo e olho pra trás. Vejo o quanto eu já mudei e o quanto eu lutei/luto para ser a mulher que eu quero me tornar... e vejo o quanto eu preciso lutar para que garotas grandes como eu não precisem se sentir culpadas por não fazerem parte de um padrão absurdo!

Obs: eu não quero me apropriar de um discurso que não me pertence. Eu não sou plus size e não enfrento nem de longe os preconceitos que essas mulheres enfrentam. Eu sou grande! Tenho 1,76 e peso 80 quilos. Abandonei o 38 já no início da adolescência.

Eu acredito que toda mulher deve ser livre pra ser quem ela realmente quer ser. E que esse processo é dinâmico. Você pode querer mudar! Tá tudo bem! Você só não deveria querer se encaixar em um padrão que te aprisiona ao invés de te deixar livre. Assim, me considero autêntica, com uma personalidade excêntrica  e "diferente"... Me permito mudar e sempre ouço coisas do tipo "isso ai é muito diferente, acho que a Thais usaria!". Defendo ideias de empoderamento e aceitação e rego todo dia a minha sementinha da autoestima. Tenho um blog que me proporcionou melhorar muiiiiiiiiiiiiiito a minha habilidade de me expressar, de me impor e que me fez perceber que tá tudo bem falar sobre batom! Tá tudo bem postar foto de look do dia. Isso não te torna menos competente na sua vida profissional.

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