Eu
achei esse filme tão maravilhoso e com tanta relação com a nossa vida que não
sei nem por onde começar.
Primeiro
quero dizer que eu assisti observando duas perspectivas e vivências: da mãe e
do Jack;
Depois,
consegui dividir o filme em etapas, por quais possivelmente você já
passou na sua vida.
“Hey,
mas do que você está falando?” Sobre o filme O quarto de Jack!
Esse
filme mostra a história de Jack, um garotinho de 5 anos que vive preso em um
quarto com sua Ma (Mãe). Ela, por sua
vez, se esforça para atender as necessidades do filho e faze-lo feliz.
Se
você não assistiu, eu sugiro que faça isso antes de ler esse texto. Aqui, eu
vou contar exatamente tudo o que aconteceu no filme (spoiler!).
❤ FASE DA AQUIETAÇÃO NO QUARTO (CAVERNA/CATIVEIRO):
No
início do filme podemos ver os dois personagens e sua vida, tradicional na
medida do possível, no quarto.
A
mãe conheceu o mundo além do quarto e foi submetida a viver
nesse lugar... Ela sabe a dor que é viver trancada nesse lugar enquanto lá fora há um mundo de possibilidades e vida.
Jack
nasceu no quarto. Nunca teve contato com nada além dele e com ninguém além de
sua mãe. Não conhece a dor de ter sua liberdade tirada porque não sabe o que é
liberdade.
A
mãe tenta transformar tudo no quarto em um mundo bom para bom para o Jack. Ela
o ensina, comemora datas, incentiva-o a se exercitar e ter uma boa alimentação.
Trabalha com ele a ideia de que o quarto é o mundo, de que o quarto é real... E
nada existe além dele. As pessoas que Jack vê na televisão não são reais e para
fora da claraboia só existem outros planetas, muito distantes.
Jack
vive feliz nesse seu mundo... Ele tem algumas dúvidas, mas tudo o que
existe ali lhe basta. Sua mãe tenta ser feliz, mas, sabendo da verdade, ela apresenta
crises depressivas (dia de morta, como diria Jack) em que não consegue fazer
nada e, no seu interior, luta para conseguir sobreviver com seu filho nesse
lugar.
❤ FASE DA PERCEPÇÃO DE QUE NÃO DÁ MAIS:
Jack
já está crescendo e começa a se inquietar com aquela situação. Entre as visitas
do sequestrador, que fornece comida e itens básicos, e de um roedor intruso,
Jack se pergunta de onde esses seres estão vindo. Sua curiosidade o leva a
interagir com o sequestrador, ato que sua mãe não aguentaria ver. Nesse momento,
a mãe percebe que não dá mais para manter essa falsa realidade para o Jack e
que, em breve, ele não “caberá” mais no quarto.
Ela decide contar para ele que há um mundo lá fora. Que há outras pessoas
reais, que as árvores são reais, que o mar é real.
Como Jack sempre morou trancado no Quarto, tudo que estava
ali era real e verdadeiro, não havendo nada além daquilo que ele via. Qual
a sua atitude? Gritos e mais gritos em um surto de negação. Ao ser confrontado
com a realidade ele a nega. "Como pode tudo isso existir se isso é meu quarto,
meu mundo?".
❤ FASE DA ACEITAÇÃO DE UMA NOVA REALIDADE:
Aos
poucos, Jack começa a entender que sua mãe pode estar certa e dá a ela, com
muito medo, um voto de confiança. Ela, também com muito medo, cria um plano
para que o filho saia do quarto e peça ajuda.
❤ FASE DA LIBERDADE E ADAPTAÇÃO:
Após
conseguirem sair do quarto, inicia uma fase de adaptação. Para Jack é tudo
muito novo e assustador. Nesse momento ele não interage com ninguém a não ser
sua mãe. Ele não quer conhecer e experimentar nada e chega a pedir para voltar
para o quarto. A mãe se mostra forte e indica para Jack que o mundo real é só
liberdade, que ele tem que ser forte também.
"- Estamos em outro planeta?
- É o mesmo, só em um lugar diferente."
"Eu vi panquecas, e uma escada, e pássaros, e janelas, e centenas de carros. E nuvens, e policiais e médicos, e vovó e vovô. Mas Ma diz que eles não vivem juntos na casa da rede mais. Vovó mora lá com seu amigo Leo agora. E vovô mora longe. Eu vi pessoas com diferentes faces e grandeza, e cheiros, falando todos juntos. O mundo é como todos os planetas de TV ao mesmo tempo, então eu não sei para onde olhar e escutar. Há portas e … mais portas. E por trás de todas as portas, há um outro para dentro, e outro fora. E as coisas acontecem, acontecem, acontecendo. Ele nunca pára. Além disso, o mundo está sempre mudando brilho e gostosura. E há germes invisíveis que flutuam por toda parte. Quando eu era pequeno, eu só sabia pequenas coisas. Mas agora com cinco anos, eu sei de TUDO!"
“Há muitos lugares no mundo. Há menos tempo, porque o tempo tem que se espalhar sobre todos os lugares, como manteiga. Por isso todas as pessoas dizem “Depressa. Acelera o ritmo”.”
❤ FASE DO MEDO E DA SENSAÇÃO DE QUE O QUARTO É O SEU MUNDO:
Após
um tempo fora do quarto o inevitável acontece: a mãe surta!
Muita gente
reclamou aqui, pois o surto da mãe impediu que ela ajudasse Jack nessa fase de
reabilitação. Eu a entendi completamente! Sete anos se passaram desde que ela
entrou no quarto, o mundo mudou, as pessoas seguiram sua vida, e ela estava no
mesmo lugar. Como ela poderia ser feliz com toda essa situação? Como ela não
poderia ser feliz estando livre? Será que ela nunca deveria ter saído do
quarto? Tudo é muito difícil aqui fora!
Jack
começa a ser cuidado por outras pessoas e dá uma chance ao mundo. No entanto,
ele acredita que se voltar para o quarto tudo será como antes, especialmente a
relação com sua mãe.
❤ REENCONTRO COM O QUARTO E NOVAS PERSPECTIVAS:
Após
a recuperação da mãe, Jack pede para voltar para o quarto. E vejo que naquela
cabecinha ele imagina que lá é um lugar seguro, uma zona de conforto. Sua mãe
concorda com uma visita ao lugar em que viveu presa por sete anos.
Ao
chegar ao quarto, Jack questiona: “Sempre foi desse tamanho?”.
Mesmo
ele tendo saído, ainda achava que o quarto era o melhor mundo. Ao chegar lá, no
entanto, percebeu que aquilo ali não lhe servia mais, que o mundo é mais do que
o quarto e que ele nunca mais conseguiria viver ali.
Os
dois se despedem do quarto e, ao dizer adeus ao velho mundo, abrem os olhos e o
coração para recomeçar a sua vida num lugar repleto de possibilidades.
“O
que é que esse filme tem a ver com a minha vida?”
O
filme foi baseado em um livro da Emma Donoghue,
que se inspirou no Mito da Caverna.
O mito, proposto por Platão, mostra que nós somos
prisioneiros em uma caverna e só enxergamos as sombras, de objetos externos,
projetadas na parede. Essas sombras seriam tomadas como reais e poderíamos
observa-las por, talvez, toda uma vida, acreditando que elas são a mais pura
realidade (Jack? Claraboia? Rato? Tv?).
Se um dia um de nós se libertasse e saísse da caverna,
veria que o mundo lá fora guardava a verdade e não a caverna. Tudo o que há no
exterior nos encantaria e voltaríamos para a caverna a fim de dividir a verdade
com os outros prisioneiros, que certamente nos achariam loucos (a mãe tentando contar
a verdade ao Jack).
Mas o que é essa caverna? Ou melhor: qual é a sua
caverna? Qual é o seu quarto? Essa caverna é uma analogia a percepção que temos
sobre a vida e o mundo.
Assim como o Jack, ou como o prisioneiro, um dia podemos
perceber que essa caverna não nos pertencem e que há muitas coisas reais além
dela. Talvez seja aquele seu trabalho que não te satisfaça mais, ou seu
relacionamento, ou aquela mania quadradinha de julgar as escolhas dos outros
como loucura...
Com muita dificuldade tentamos sair da caverna. Ao
conhecer o mundo novo, voltamos para contar para os outros, que se incomodam e
te julgam como louco.
Sair da caverna dói. É desconfortável, assustador. Por
isso, às vezes até queremos voltar pra lá. Dar uma espiada, ver se não cabemos
ali.
Acontece que quem saiu da caverna não consegue mais viver nela. Voltar pra lá é algo muito doloroso e quase impossível.
Todos nós já ouvimos e até mesmo já fizemos alguma
loucura. Saímos da caverna, explodimos o quarto. Uns deixam o emprego para mochilar pelo mundo; outros largam um relacionamento de anos; abrimos
um negócio incerto...
Sair da caverna não é fácil. Sair da caverna implica em ver
as coisas de outra forma e traz consigo uma gama de incertezas e medos. Dessa
forma, permanecer ali é mais fácil, rotineiro e seguro, mas muito dolorido para
quem já viu o mundo.
E essa dificuldade e as incertezas permanecem depois que
você sai. O mundo não vai te compreender tão fácil e as pessoas, prisioneiras,
vão te julgar e tentar fazer com que você volte para a segurança, volte para a
caverna. “Tem certeza que você não vai mais voltar com ele? Vocês eram tão
felizes!” “Mas com seus pais te falta alguma coisa? Vai jogar dinheiro
fora pagando aluguel?” “Vai falar sobre essa politica de novo? Deixa isso de
lado!”.
Como você responde a tudo isso? Você pode até apontar
fatos para mostrar a realidade, mas eles não vão te entender até conseguirem
sair de suas cavernas. Assim, eu, com um sorrisinho amargo, digo que tem a ver
com a liberdade e busca pela felicidade.
O mundo não é certo e não tem receitas prontas para a
felicidade. E você não tem controle sobre ele. Assim, o medo é real e faz parte da vida. Temos medo do que foge a nossa percepção e do nosso controle.
Diariamente, são nos oferecidas escolhas. Cabe a nós sairmos da caverna. Você precisa decidir
experimentar novas opções e vivências.
Mas presta atenção: não podemos sair de
uma caverna e entrarmos em outra. Precisamos estar atendo as mudanças, as
escolhas...
Então, eu finalizo aqui com a pergunta: qual é o quarto
que te prende e te impede de buscar a felicidade e conhecer outras realidades?
seu texto é inspirador!todos os dias encontramos as dificuldades latentes, aquelas que corrompem nossos sonhos, que nos aprisionam da nossa realidade iminente!
ResponderExcluirhttp://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Precisamos manter a calma e lidar com esses medos, da melhor forma que pudermos :*
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